22 março 2005

Cadê o nosso ETA, onde está o nosso IRA, porque não temos um Hizbollah?
Me pergunto isso sempre que vejo as injustiças e falcatruas rolando.
Ontem vi que numa cidade perto de Brasília o povo se rebelou por causa da aprovação do pagamento de 14º e 15º salários para o prefeito e o vice. Saiu porrada, gás lacrimogênio e o cacete comeu no bom sentido.
Mas ainda assim continuo me perguntando onde mora a rebeldia e a indignação do povo brasileiro?
Onde se esconde nossa vontade de pegar nas armas, de sair dando pipoco e jogando coquetel molotov pra cima do sistema corrupto?
Porquê nos conformamos com tanta prezepada?
As leis que beneficiam os políticos podem ser uma das respostas, sim, concordo.
Mas ainda penso que como um bife na tábua, de tanta martelada, estamos amaciados.
E no raso pensamos que tudo isso faz parte, que é normal.
E não pode ser assim.
Não é assim.
Precisamos ter o direito de andar armados num país onde a violência [mesmo que resultado de erros e mais erros elevados ao quadrado na inclusão social, educação, oportunidades e tudo isso que sabemos de cor mas que perdura há tempos] só aumenta.
Eu quero ter o direito de me defender caso algum bandido entre na minha casa para me roubar.
Eu pago imposto, e penso que ninguém, nem mesmo o presidente, deve ter direitos diferentes do que eu.
Foro [tá certo] especial, julgamento no Supremo, nada disso.
Ladrão e bandido são iguais em todas as esferas.
Penso que só num país torto como o nosso o presidente da câmara [ou vice do vice] bota o pau na mesa e cobra cargo na cara dura, no microfone, e como num dos filmes pornôs mais baixos aperta a bisnaga de creme e começa a besuntar o salame. E ainda fala o nome da bunda.
Só aqui mesmo para darem valor pra morto. Ouvi também alguém clamar no jornal uma vez: EU quero minhas glórias e as flores em vida!
Percebam a sutileza das coisas, no momento, o cidadão mais rebelde do país é o vice do vice.
É ele que diz o que pensa, e faz o que faz, para o bem e para o mal.
E assim vai mal.

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