18 abril 2005

Acordei com vontade de um dia inenarrável, daqueles que habitam todas as memórias, que passam nos seus olhos na hora da morte.
Saí da cama com isso na cabeça, e depois que entrei no metrô lotado de sempre, lembrei do café fraco, do pão com manteiga corrido, e do copo de nescau acelerado; e isso me deu forças para por meu plano em prática.
Se estivesse na época da escola seria uma daquelas redações entituladas como "Um dia de Aventura", ou algo que o valha.
Pronto, desci do trem, escada rolante, e lá, na saída estava meu primeiro alvo:- um policial militar.
Cheguei sorrateiro por trás da mulher policial, e sem mais delongas já agarrei no trinta e oito dela, e com um forte puxão arrastei coldre e um pedaço da calça da oficial junto.
E aos gritos no meio da Avenida Paulista apenas se ouvia:
Tia, não me mata.
Moça, pelamordedeus.
Eu não passo mais a mão na sua bunda.
Buáááá, me deixa ir pra casa......
E assim que a oficial conseguiu me fazer largar do revólver eu saí correndo no meio da multidão, entrei numa daquelas galerias, virei a blusa, tirei as apostilas do curso de inglês e boas, estava livre.
Mas calma, meu dia inenarrável tinha mal começado.
Depois desse evento na Avenida Paulista, resolvi ir fundo na aventura. Comprei um saco de limão e comecei a esfregar nos vidros dos carros.
No começo a reação dos motoristas era de estranhamento, mas devido a minha cara rude, e aos palavrões, ninguém se mexeu. Nem reclamou.
Acabaram-se os limões, e sem muito mais o que fazer comecei a dar tapa no capacete dos motoqueiros malditos desgraçados. Era parar no farol sobre a faixa e PIMBA, dá-lhé tapão.
Ahahahaha, era engraçado porque ao sair correndo pro outro lado da avenida motoqueiro não sabia se revidava, se corria atrás, mas largar a moto era perigoso. hahaha, muito divertido.
Só perdeu a graça quando um ignorante puxou o revólver e ameaçou atirar, aí resolvi parar.
Isto posto, as aventuras na Paulista acabaram.
Resolvi descer a Consolação, mas não sem antes aporrinhar os amarelinhos / marrozinhos, categoria profissional bizonha que gera trânsito para justificar a própria existência.
Comecei a arreliar e por sorte um camelô me deu um apito.
Maluco, priiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, piiiiiiiiiiiiiii, só dava eu no meio do trânsito falando vem, pode vir, e o amarelinho falando sai daqui moleque. Eu muito sabido provocando - aí mané se liga, vai prender carroça e chevette sem vidro....
E a brincadeira durou até uma viatura da polícia parar no local.
Pronto, me desfiz do apito.
No meio da Consolação tive a idéia brilhante. Ao passar pela lotérica.
Pensei, divaguei, voltei, enchi o peito e gritei: - todo mundo com a mão na cabeça que é um assalto.
Cena mais engraçada, todo mundo se jjogando no chão, o caos.
Simples, virei as costas a saí andando. Nada, nem ninguém veio atrás de mim.
Me sentindo meio herói nessa altura, entrei na faculdade e pedi pizza na sala de aula.
Entregaram e ninguém questionou. Só o professor quis um pedaço, de calabreza se possível.
Assim, tudo tão fácil... Só faltou o grande final.
Pronto, fui no banheiro e comecei a jogar cocô lá pra baixo.
Merda, muita merda. Bombas de merda. Cocô enrolado em papel higiênico......
Ah se todo dia primeiro de abril fosse de verdade.

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