03 maio 2011

divagações

Acontece as vezes quando estou na varanda, me pego divagando a respeito de absurdo e de coisas bem surreais.
Idéias estranhas por assim dizer, dessas de sonho; mas como dificilmente lembro dos meus sonhos [sonhar eu sonho, eu sei disso] acho que faço isso quando tenho tempo e estou acordado.
E acho isso natural e penso [e espero realmente] que outras muitas pessoas também o façam, mas enfim, a de agorinha é mais ou menos assim:
Começou a acontecer de repente, e as companhias de energia elétrica pararam de fornecer luz das 20h as 22h.
Luz somente nas ruas, praças e parques. Logradouros e similares.
Nada nas casas.
Isso para obrigar as pessoas a irem para as ruas se conhecerem. Os vizinhos do andar, do prédio, da rua.
Mais ou menos como antigamente, quando as vovós e titias colocavam as cadeiras nas calçadas.
E as pessoas iam se conhecer mais, e iam caminhar juntas para algum lugar, e quem sabe melhorar o entorno e passar a viver melhor.
E um dia de repente esse grupo de pessoas pega um assaltante fugindo, e que prontamente é linchado com a naturalidade de quem abre uma bala Juquinha. Trabalho rápido, a multidão sinistramente focada em segundos consegue transformar o que era uma pessoa numa massa disforme de carne e osso, quase um saco de parafuso.
E em outro dia, outro grupo de pessoas num restaurante bem qualificado se incomoda quando aquele político sabidamente corrupto adentra ao recinto.
Cadeiras se mexem, pezinhos batem no chão, as mãos inquietas percorrendo o caminho entre a cesta de pãezinhos e os patês.
Talheres batendo.
Facas.
E como zumbis do bem, de pé e empunhado suas facas todos se dirigem ao político, que como sempre foge em direção a cozinha. Mas eis que o mâitre aparece com uma bela faca de cortar atum inteiro, quase uma espada samurai esbravejando, também contra o político.
E este, o político, ao fugir do mâitre vê o chefe de cozinha se armando com seu materello, machete, martelo de carne e facas em geral, e resolve procurar uma saída estratégica dali.
Mas chegando ao salão se depara novamente com o mâitre, já utilizando o carrinho de sobremesa para distribuir armas brancas entre os convivas, afinal até onde pude imaginar vivemos num mundo de cavalheiros.
Quando pego, o político sabidamente corrupto foi desmembrado, picotado, abusado, molestado, não nessa ordem, mas tudo com bastante intensidade.
E depois essa massa humana insandecida saiu pelas ruas caçando essa corja nojenta toda e rumou para a capital federal com suas máquinas cheias de corpos e restos de gente que nunca prestou e nunca valeu uma viagem de elevador.
E chegando passaram a régua também nos corruptos de lá, e pediram que o resto da nação se solidarizasse e fizees o mesmo, e migrasse no próximo fim de semana para uma orgia gastronômica canibal.
A capital virou uma panela gigante, cozinha carne podre humana, numa sopa de vaidades e maldades certamente venenosa e indigesta.
Mas quem seriam os convivas de sopa tão substanciosa se perguntavam as pesssoas?
E a resposta fluia simples: - os proxenetas, os mentecaptos, outros corruptos sobressalentes, os lenientes, os funcionários que burlam o sistema, os carrapatos que somente sugam, os burocratas, procrastinadores, vagabundos, os burros motivados, os defendedores de feudos, os que te fazem trabalhar por nada, enfim, essa corja infame e ridícula vai comer a sopa nojenta e tal qual num ritual canibal vai incorporar o diferencial, o "espírito" da sopa, e vai sa tornar um pútrido que prontamente será utilizado no próximo ciclo, até que sobrem somente as pessoas de boa índole, de bom coração e que se preocupam com o todo e não apenas com a própria vidinha ridícula.
E a mente voa e imaginei tudo isso com detalhes bem mais específicos e nada agradáveis no tempo de um único cigarro.
Incrível isso.

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