09 abril 2013

a droga da TV

Era assim, você se sentava no sofá ou no tapete no chão de tacos de madeira, e ficava olhando mui rápido pro papel de parede enquanto a TV esquentava.
Pronto, era o motor da máquina iniciando o tempo da diversão, distração, informação, e o que mais coubesse na telinha.
A oferta era mínima quando eu era garoto, basicamente RTC, TVS, Globo, Canal7, Manchete, Gazeta e Band.

Não tinha computador muito menos outras telas. Era a Tv ou a janela.

E livros, mas os livros naquela época eram obrigação chata.... Senhora, Quincas Borba e outros clássicos para a molecada doida por ficção científica, sexo e violência..... espantaram vários amigos meus do mundo da literatura por conta desse tipo de imposição.

Era sofrível e o horizonte de tempo definido pela Globo tal qual prato em rodízio.
Segunda filme, terça humor, quarta futebol, quinta série, sexta reporter, sabado humor, domingo revista [e a noite tinha cultura pro povo.... grandes concertos e não lelek, lek, lek....] e um país que me parecia bem intelectual, a ditadura recém-acabada, os sonhos, as diretas, era tudo muita vontade.

Mas aí parece que a TV foi ficando cada vez mais com a cara do Brasil, sem dente, sem cérebro, estúpida, arrogante, e pedindo pra arrumar uma boquinha tal qual programa que dura anos sem muito motivo [até tem motivo, é difícil arrumar outra porcaria tão barata].

Malhação por exemplo, na minha época eram séries gringas [de ALF a Vicky passando por  primo Cruzado], tudo enlatado com risadas gravadas, mas servia. Hoje temos Malhação, que nada mais é que um programa de estágio de atores e atrizes, e que conforme perdeu fôlego teve que chamar gente mais velha e experiente de TV.

Ia me esquecendo, sacanagem na TV era de sexta [sala especial] e sábado [vem comigo.... comando da madrugada].

O mundo mudou, muito rápido, e inclusive continua morrendo muito MOGUL por aí que achou que ia viver agarrado no sucesso de outroroa.

Mas tem uma coisa que não muda e nunca vai mudar.
 
A alienação, a posição, o ficar, estático.
Absorvendo esse todo sem muito nexo, ficção ruim jogada na cara de quem não tem opção.

O pior é que quem tem opção fica reclamando da qualidade da programação ao invés de ir buscar algo gratificante.

Eu li isso não sei onde, nunca mais verdadeiro: - A gente [povo brasileiro] quer ser a Globo, mas quando muito é um SBT. 
Vem aí.

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