21 março 2005

A cada dia eu realizo que o mundo além de perdido está entregue em mãos vendidas e idiotas, e que a ganância destes que o controlam envenenam todos a sua volta.
Sei que enquanto nada fizermos continuaremos reféns de uma sociedade nefasta, que mostra sua verdadeira face através dos ídolos que cultua, das celebridades que cria.
Sei também que tudo que vai contra o estabelecido é tido como terrorismo, e parando pra pensar isso é o que mais me assusta.
Que direito tenho eu de ser o que quero, e profundamente desejo?
Pouco, pois esta mesma sociedade ainda nutre um medo descomunal de sofrer de volta as chibatadas distribuídas com escárnio na época da escravidão. De não receber o salário pelos serviços prestados.
Essa sociedade, eu incluso, tem medo.
Tem pré-conceitos muito bem definidos.
Sabe que vem cagando e andando nesta terra desde que o primeiro marco aqui foi deixado.
Até antes, desde que o primeiro degredado aqui pisou.
Hoje sei que a diferença entre o povo brasileiro está diretamente ligada a nossa geografia ingrata e distinta. E mais ainda ao ardor copulatório dos que mandavam nas terras num passado não tão distante.
Somos jovens, rebeldes, cheios de vida; sem saber direito o que fazer com o nosso futuro.
Está mais que na hora de decidirmos o que fazer daqui pra frente, mas damos ouvido ao que nossos pais dizem, e não lembramos das nossas promessas feitas no momento que descíamos a rua no carrinho de rolimã, sem controle, fluindo junto do asfalto.
Devíamos mandar tudo a merda, acabar com nossa dependência estúpida junto ao capitalismo mundial, e botar pra quebrar.
A Argentina o fez, vai se fuder num futuro próximo muitos dizem, mas e nós cara-pálida, estamos onde mesmo?
No fundo do buraco da falta de vergonha na cara.
Estamos sentados num trono que transborda a merda da injustiça social, da roubalheira, dos crimes hediondos, do colarinho branco, preto, judeu, nipônico, sino o que quer que seja.
Somos o país que os bandidos escolhem para não serem achados.
Somos o país que os refugiados escolhem para serem os novos escravos desta economia estúpida e cruel.
Não, o socialismo não é remédio para porra nenhuma, é apenas outra maneira de manter nossas mentes alienadas.
O que precisamos é entender de uma vez por todas que nosso futuro depende de amor, de respeito, de tolerância, e principalemte de educação.
Dia desses discutindo e ouvindo, porra, escola tem que inserir a criança na sociedade, e não educar. De que adianta a escola ensinar a criança algo valioso como o amor se em casa o pai cospe no chão, estapeia a mãe diariamente, estupra a própria filha.
De que adianta esse cinismo escroto da grande maioria que não assume seus atos e vontades, que se escondem em nomes artísticos?
De que adianta um prato de comida quando a fome vem da alma? Carinho.
Eu sei bem que o mundo vai acabar em breve, no seu tempo.
Eu sei bem que somos todos culpados, e que estamos aqui mais errando que aprendendo.
Somos todos cúmplices da idiotice, da enganação, do escárnio, da violência, da ignorância, e de todos os outros "adjetivos pejorativos", o que seja.
Somos eu, você, nós, eles, errados nesta vida.
Somos o refugo de uma tentativa frustrada.
Somos o que alguém um dia disse que seria o ideal. Mas longe disso, muito longe, não somos nem o possível.
Pois o possível é o que se entrega como resultado.
E nós somos a causa de toda essa merda que se vê hoje por aí, nas ruas, casas, escolas, no governo.
Somos o efeito diferenciado, o rancor.
Nos contentamos em servir para comandar. Respeitamos nossos inimigos.
E digo que dentro de cada um de nós existe um grande, mega filho da puta, que não sossegaria enquanto não matasse todos os outros, e pudesse fazer com que apenas seus genes seguissem adiante.
E mesmo assim, a cria seria de grandes e mega filhos da puta.
Isso.
O ser humano tem prazeres estranhos.

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