O mestre Sérgio Rodrigues em sua coluna diária " A palavra é..." se supera, se supera e se supera.
Urucubaca
“Vocês não sabem o que é urucubaca”, improvisou o presidente Lula, ontem, em Niterói. Completou: “Ou seja, é gente torcendo pra que as coisas não dêem certo”.
Lula também não sabe o que é urucubaca. Um passeio por vários dicionários não encontra nesse brasileirismo o sentido de má sorte provocada pelos outros. Urucubaca é maré de azar, sim, enguiço, ziquizira – falta de sorte, mas sem relação com a torcida alheia. Esta, embora possa existir, não parece ser um atributo intrínseco à urucubaca como é, por exemplo, ao olho gordo.
“Um urubu pousou na minha sorte”, versejou Augusto dos Anjos. O poeta, que não transferia a culpa de sua desdita para ninguém, passou perto do sentido de urucubaca. Os etimologistas concordam que a palavra nasceu de “urubu” por formação expressiva, com metátese – de urubucaca em urucubaca. Há registros fartos de que se consagrou em 1918, ave de mau agouro, no morticínio da gripe espanhola.
Aquilo sim era urucubaca, e das grossas.
O que nos aflige hoje é só um mau governo.
Um comentário:
Legal, valeu a explicação.
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